quarta-feira, 24 de março de 2010

Hominídeos sobreviveram na Catalunha em ambiente hostil há um milhão de anos

Estudo de sítio em Vallparadís revela que hominídeos do Pleistoceno Inferior estavam perfeitamente adaptados ao meio ambiente

O estudo de uma série de objectos líticos e de fauna encontrados na Catalunha (Terrasa) demonstra que aquele sítio foi habitado há um milhão de anos por hominídeos. A descoberta vem preencher a lacuna temporal que separa os hominídeos encontrados em Orce (com 1,3 milhões de anos) e o Homo antecessor, de Atapuerca, com 800 mil anos.

Os vestígios foram descobertos entre 2005 e 2007, quando obras de construção de uma estação de caminhos de ferros em Vallparadís destaparam o sítio. As escavações foram realizadas pelo Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES) e pelo Departamento de Pré-História da Universitat Rovira i Virgili (Terragona).
Os resultados da investigação estão publicados no «Proceedings of the National Academy of Sciences».

Na costa mediterrânea da Península Ibérica, há um milhão de anos, um hominídeo terá sobrevivido a um meio ambiente hostil graças a uma boa capacidade de adaptação. A fauna da época era composta por predadores como hienas e jaguares, com quem os hominídeos lutavam para sobreviver.

A escavação, dirigida por Joan Garcia e Kenneth Martinez, revelou que uma série de vestígios arqueológicos e paleontológicos do Pleistoceno Inferior. A indústria lítica de Vallparadís pertence ao Olduvaiense, a primeira e menos sofisticada das indústrias humanas. São seixos talhados que serviam para desossar e cortar carne.

Quanto à fauna, era composta maioritariamente por mamíferos herbívoros de grande porte, como cervídeos, equídeos e bovinos. Hipopótamos, elefantes e rinocerontes fazem também parte dos registos, bem como os carnívoros hienas e jaguares.


É importante destacar que os restos dos animais herbívoros têm marcas de corte e de fracturas feitas por acção humana. Para os investigadores, este elemento é importante pois demonstra que os hominídeos tinham um acesso primário a estes cadáveres de animais em relação aos outros carnívoros.

Este terá sido o elemento-chave do sucesso adaptativo das primeiras populações ibéricas, já que lhes permitiu avançar com os recursos necessários para garantir a sua sobrevivência. Na verdade, o factor determinante que permitiu a sobrevivência a estes hominídeos que saíram de África foi terem uma dieta à base de carne.

Neste sítio, esses espécimes desenvolveram uma capacidade de adaptação tão grande que não eram selectivos na escolha da presa ou das matérias-primas com que produziam os utensílios. Esta estratégia de adaptação significa que os hominídeos não necessitariam de uma tecnologia muito avançada para explorar os recursos disponíveis.

Os investigadores acreditam que estas primeiras populações europeias sabiam como tirar partido das carcaças encontradas ao longo do rio, tornando-se assim grandes predadores e tomando o lugar dos grandes carnívoros no topo da cadeia alimentar.


Reflexao:
Na minha opinião, este artigo mostra-nos a capacidade do corpo humano se adaptar a certas condições. Neste caso, de desenvolver utensílios para nos ajudarem a sobreviver. Agora ainda existe o problema actual, com esta grande mudança ambiental, estamos a ameaçar toda a vida no planeta numa quantidade que muitas especies não conseguirao suportar.

Por Jorge Simões

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